Polícia mata quase uma pessoa por dia na Bahia

  • Informações do Correio
  • 07 Nov 2013
  • 17:44h

“A polícia de um modo geral tem um grau de letalidade grande e histórico, pois não temos o hábito do uso de armas não letais. Temos a cultura da arma de fogo”, diz especialista | FOTO: Reprodução |

A polícia baiana é a que, em números relativos, mais matou em 2012. Ao todo, foram 344 pessoas mortas em confrontos com as polícias Civil e Militar, o que dá uma taxa de 2,4 mortes por cada 100 mil habitantes. Em São Paulo, onde a polícia matou 563 pessoas, a taxa é de 1,3. Na Bahia, a PM registrou 284 autos de resistência seguidos de morte no passado, enquanto a Polícia Civil contabilizou 60 casos. A soma indica quase uma morte por dia no ano. Os dados fazem parte do 7º Anuário Brasileiro de Segurança Pública do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), publicado ontem. Na avaliação do secretário da Segurança Pública, Maurício Barbosa, os números da Bahia são elevados porque são fornecidos com “lisura”. “Dos 19 estados do grupo que fornece dados confiáveis, somente nove, entre eles a Bahia, registraram as informações (das mortes em confronto com a polícia). É comparar o igual aos desiguais. Tem estado que não quer fornecer os dados e quem fornece, e com lisura, é penalizado”, argumentou Barbosa, sem entrar no mérito sobre atuação dos policiais. Já o coronel Antônio Jorge Ferreira Melo, pesquisador do Programa de Gestão e Estudo de Segurança Pública da Ufba, observa que é preciso diferenciar os verdadeiros confrontos das execuções. “Tem que se apurar se esses confrontos não foram armados. Hoje, a violência está gratuita. A polícia de um modo geral tem um grau de letalidade grande e histórico, pois não temos o hábito do uso de armas não letais. Temos a cultura da arma de fogo”. O especialista, entretanto, fez uma ponderação: “Hoje, a população tem facilidade de se armar e qualquer boca de fumo tem uma guarda armada, então existem confrontos”. De acordo com o anuário, em 2012 houve uma queda no número de policiais militares mortos em serviço na Bahia: foram três registros contra seis em 2011. Mas, com os PMs fora de serviço, a situação é inversa. As mortes cresceram de uma em 2011 para 23 em 2012. Em relação aos policiais civis, foram contabilizadas três mortes fora de serviço no ano passado e nenhuma em 2011. Com os policiais em serviço, não houve registros de morte em 2012. No ano anterior, foram quatro assaltos.