Com gasolina cara, gás natural volta a ser opção

  • 30 Dez 2015
  • 14:01h

(Foto: Reprodução)

Com apenas R$ 25, o taxista Roberto Nunes consegue rodar 130 quilômetros, uma distância que dá para ele ir até a cidade de Feira de Santana e ainda sobrar alguns quilômetros para rodar na cidade. Esse é o valor para ele abastecer o cilindro com 10 metros cúbicos de gás natural de veículo (GNV) do seu carro modelo Siena, que usa como táxi. Na mesma situação, se ele fosse gastar os mesmos R$ 25 para abastecer o carro com gasolina, daria para colocar 6,5 litros de gasolina e rodar 65 quilômetros, metade do percurso que faria com GNV. “É isso que ainda compensa, pois  apesar dos reajustes que foram praticados este ano, o preço do gás ainda é bem mais em conta que a gasolina  e álcool, sem falar que o consumo é menor por quilômetro e quase não interfere na potência do carro”, justifica o taxista.

 

Essa situação é que fez com que em outubro deste ano, conforme levantamento da Associação brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) o consumo de Gás Natural de Veículos (GNV) tivesse uma alta de 1,19% em relação a setembro. Na comparação com o desempenho de outubro de 2014, os indicadores de consumo na indústria registraram queda de 4,37%. Já no acumulado do ano (de janeiro a outubro de 2015 versus mesmo período de 2014), a queda é de 1,59%. Em outubro de 2015 foram consumidos, em média, 74,21 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia em todo o país enquanto em outubro de 2014 o volume foi de 78,87 milhões de metros cúbicos/dia. Mas essa queda, na avaliação da Abegás, reflete o momento da conjuntura de crise econômica, o que não se traduz numa retração do consumo de GNV no segmento automotivo. “Essa retração é reflexo da desaceleração econômica no país”, afirmou o presidente executivo da Abegás, Augusto Salomon.

Procura
Enquanto na indústria e no segmento residencial o consumo de gás natural teve queda, sendo que o residencial teve um percentual de retração de 11,61% na comparação com setembro o segmento automotivo registrou alta de 1,19% em outubro frente a setembro. O acumulado de janeiro a outubro aponta queda de 3,07% na comparação com o mesmo período em 2014. “É uma opção mais barata em relação aos preços da gasolina e do etanol”, resume Andreza Cardoso, que costuma rodar até R$ 80 quilômetros, gastando apenas R$ 16. No posto onde ela estava abastecendo, na Avenida Bonocô, o preço do metro cúbico de gás estava custando R$ 2,49. Já a gasolina estava a R$ 3,79 e o etanol (álcool) a R$ 2,99. “Compensa, apesar de tudo o que dizem em contrário”, reafirma Andreza. Um estudo recente da Abegás revelou que em seis estados brasileiros o GNV é 50% ou mais econômico que o etanol e a gasolina na relação por quilômetro rodado. Ainda de acordo com esse critério, o GNV é 45% ou mais econômico em 13 estados na comparação com os combustíveis líquidos. Na Bahia, esse mesmo estudo revelou que o GNV chega a ter uma economia de  49% quando comparado com o uso da gasolina e de até 53% quando comparado com o álcool. O cálculo foi feito com base em tabela média de preços divulgados pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) ao final da segunda semana de novembro e utilizou como referência o consumo indicado no manual do Fiat Siena – veículo que roda com GNV, etanol e gasolina. Com GNV, o Siena rende 13,2 quilômetros por metro cúbico. Já a gasolina faz 10,7 quilômetros por litro e o etanol, 7,5 quilômetros por litro.