Dilma troca chefe de comunicação para mudar relação com a mídia

  • Folha
  • 31 Jan 2014
  • 10:47h

(Foto: Daniel Simurro / Brumado Urgente)

A presidente Dilma Rousseff incluiu na reforma ministerial a Secom (Secretaria de Comunicação Social), uma das pastas mais importantes em ano eleitoral, responsável por toda a liberação de verbas publicitárias do governo. A terceira grande troca de comando no time de Dilma começou a ser deflagrada ontem com a oficialização das mudanças em três ministérios-chave: Aloizio Mercadante, Arthur Chioro e José Henrique Paim assumirão, respectivamente, Casa Civil, Saúde e Educação. Na Secom, a mudança, adiantada ontem pela coluna Painel, da Folha, ocorrerá semana que vem. O porta-voz Thomas Traumann, 46, substituirá Helena Chagas, 52. A presidente optou por nomear um "operador" de mídia que, na definição de pessoas próximas a Dilma, trata-se de alguém que, de um lado, estreite a relação do Planalto com a chamada grande imprensa e, de outro, contemple mais órgãos regionais de comunicação na divisão do bolo publicitário oficial.

O PT, que defendia a substituição desde 2012, guarda ainda outra expectativa: um realinhamento editorial na definição dos patrocínios federais. O desejo é que o ministério contemple mais os veículos alinhados à defesa da administração petista. A mudança também é uma vitória do ex-ministro Franklin Martins, que trabalhou na pasta na gestão Lula e vem ganhando poderes junto a Dilma desde os protestos de junho do ano passado. Helena e Franklin não se davam bem nos últimos tempos devido a diferenças de visões e, com Traumann, o ex-ministro passa a ter mais influência no governo. O poder de fogo da Secom não é desprezível: ela gerencia e monitora a execução de cerca de R$ 1,9 bilhão do Executivo e de estatais. No dia a dia, comanda as assessorias de imprensa dos demais 38 ministérios e estatais. A pasta tem autonomia para convocar redes obrigatórias e contratar as agências de publicidade em campanhas institucionais do governo. Interlocutores presidenciais relataram que Helena só teve certeza de sua saída após a leitura da Folhaontem. Auxiliares da ministra dizem, porém, que foi ela quem pediu demissão e que o desligamento foi precipitado pelo vazamento da informação. Os dois lados procuraram desvincular a troca na pasta da polêmica envolvendo a sigilosa parada de Dilma em Lisboa no sábado passado, quando o governo foi acusado de falta de transparência. Traumann teve rápida ascensão no Planalto. Em 2011, fora convidado a ficar após a queda do chefe, Antonio Palocci, da Casa Civil. Aos poucos, ganhou confiança de Dilma. De assessor, tornou-se porta-voz e, agora, ministro. Ele e Helena Chagas jamais foram próximos. Formalizadas ontem, as outras mudanças no ministério já eram conhecidas. A de maior impacto é na Casa Civil, onde Mercadante substituirá Gleisi Hoffmann, pré-candidata ao governo do Paraná pelo PT. Nos últimos dias, ele já despachava informalmente do quarto andar do Planalto. A escolha do petista devolve à pasta o status de superministério que ela havia perdido com a queda de Palocci. Mercadante foi chamado para coordenar não só a agenda do Executivo, como também deve assumir parte da articulação institucional com os partidos aliados. No cargo, ele ainda fará a ponte com o núcleo da campanha à reeleição de Dilma. Mercadante, Chioro e Paim devem tomar posse na segunda-feira. Novas mudanças em pastas do primeiro escalão devem ser anunciadas até o fim de fevereiro.