Idosa viaja ao exterior para aprender a lidar com a morte

  • R7
  • 19 Set 2017
  • 19:30h

Elca trabalhou por 18 anos como economista no Banco Mundial (Foto:Divulgação)

Elca Rubinstein, 71 anos, uma senhora ativa, de fala rápida, já dá uma invertida no constrangido repórter, de primeira. Isto porque, ao falar sobre a morte, ele dá uma engasgada na pergunta: "A senhora tem medo da..., vamos dizer, da sua morte?". A reposta vem límpida, até assustadora para muitos que, como se tem dito repetidamente, construíram um tabu para falar a respeito da dita cuja. Medo de quê? Vai acontecer, de que adianta ter medo? Acho que minha morte vai ser melhor se eu tiver falado sobre ela, pensado sobre ela, me preparado para ela, apesar do receio das outras pessoas, do que eu ficar quieta e fingir que não vou morrer. Elca fez seu testamento vital como exercício de conclusão de um curso sobre envelhecimento, feito em quatro Estados dos Estados Unidos (Florida, Colorado e Pensilvânia), onde desenvolveu recursos, que ela tinha e nem percebia, para falar sobre a morte.  Não é que eu tinha tabu, é que eu nem falava sobre isso, já que no Brasil é um tema pouco discutido. Então participei de uma atividade em um país onde se fala abertamente e percebi a importância desse tema. Quando se faz o testamento vital vem um grande alívio, a gente vê o futuro mesmo que seja curtinho, resolve um problema e segue em frente.

Elca chegou a morar nos Estados Unidos, tendo trabalhado por 18 anos no Banco Mundial, como economista renomada que era antes de se aposentar. A frieza dos números, de repente, se tornou excessiva. E, após a aposentadoria, ela resolveu descobrir um outro mundo em vida. Intensificou seu contato com a dança, atividade que ela sempre praticou, tendo participado inclusive de grupos de famosos coreógrafos, como Ivaldo Bertazzo. E ao estilo avó "descolada", cabelos curtos, grisalhos, com falas atualizadas, passou a almoçar sempre com os netos, sem ficar pegando no pé em relação aos hambúrgueres e doces que eles tanto adoram.