Sete baianos estão sob investigação na Lava Jato

  • 25 Fev 2016
  • 11:03h

Até agora só uma pessoa da Bahia foi julgada: o ex-deputado, Luiz Argôlo (segundo da esq.)

Com a decretação da prisão temporária do publicitário João Santana expedida, nesta segunda-feira, 22, na 23ª fase da Operação Lava Jato - intitulada Acarajé -, sobe para sete o número de baianos investigados sob acusação de terem recebido dinheiro de empreiteiras em contratos superfaturados da Petrobras. No caso de Santana, a suspeita é de que o publicitário teria sido pago pela Odebrecht, por serviços prestados ao PT, com propina oriunda de contratos com a petrolífera. Os outros investigados pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela Polícia Federal (PF) são o vice-governador da Bahia, João Leão, o  ex-ministro das Cidades e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Município (TCM) Mário Negromonte, e os deputados federais Mário Negromonte Júnior e Roberto Britto - todos eles filiados ao PP. Neste grupo também estão o ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, preso em Curitiba desde junho do ano passado na Superintendência da Polícia Federal, e o ex-deputado federal  Luiz Argôlo (ex-PP e ex-SD).

 

Argôlo foi o único baiano, até agora, julgado e condenado a 11 anos de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele cumpre pena no Complexo Médico-Penal (CMP), na Região de Curitiba, desde novembro passado. O juiz Sérgio Moro considerou que ele recebeu e ocultou (lavou) mais de R$  1,4 milhão em propina paga por empreiteiras fornecedoras da Petrobras à Diretoria de Abastecimento da estatal, então comandada por Paulo Roberto Costa.  O dinheiro foi repassado ao ex-parlamentar pelo doleiro Alberto Youssef, um dos delatores da Operação Lava jato. Marcelo Odebrecht está  Preso em Curitiba (PR) desde junho de 2015. Ele é acusado de comandar uma organização criminosa que desviou, por meio de esquema de corrupção na Petrobras, R$ 300 milhões. O ex-presidente da Odebrecht depôs, nesta segunda, no caso João Santana, já que a polícia suspeita que ele teria controle sobre supostos pagamentos feitos ao marqueteiro no exterior. O vice-governador e secretário de Planejamento da Bahia, João Leão, é uma das lideranças e parlamentares acusados de terem recebido dinheiro do Petrolão. Leão nega as acusações e diz ser leviano envolver seu nome sem provas. Em depoimento de delação premiada à Justiça Federal, Youssef afirmou que o ex-ministro das Cidades, Mário Negromonte, e outras lideranças do Partido Progressista - caso de Leão  - recebiam, por mês, entre R$ 250 mil e R$ 500 mil.  Negromonte nega as acusações contra ele.  Já a bancada do PP na Câmara Federal, entre os quais Roberto Britto, receberia entre R$ 1,2 milhão e R$ 1,5 milhão por mês. O filho do conselheiro do TCM também  é investigado. Em dezembro de 2015,  o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal , incluiu o deputado federal Mário Negromonte Júnior  no rol de investigados.

Sete mandados de busca

Sete mandados de busca e apreensão da 23ª fase da Operação Lava Jato, denominada pela PF de "Acarajé", foram executados em Salvador e Camaçari, na região metropolitana. Foram apreendidos, entre outros, carros de luxo e obras de arte. Além disso, uma pessoa foi presa. Trata-se da administradora de empresas Maria Lúcia Tavares, que, segundo a PF, mantém vínculo empregatício com a Odebrecht desde 2016. Ela seria a responsável por criar uma planilha contendo registro de despesas de financiamento da empreiteira de campanhas eleitorais referentes ao PT, de 2008 a 2012. A  planilha intitulada "Posição Programa Especial Italiano", datada de 31 de julho de 2012, traz  um campo com nomes de pessoas ligadas à Odebrecht.

Investigados da Bahia

Marcelo Odebrecht

O ex-presidente da Odebrecht está preso desde junho de 2015. Ele é acusado de desvios de R$ 300 milhões da Petrobras

Luiz Argôlo (PP)

O ex-deputado federal do PP foi condenado a 11 anos de prisão por  corrupção passiva e lavagem de dinheiro

Mário Negromonte

O ex-ministro e atual conselheiro do TCM teria recebido do doleiro Yousseff entre R$ 250 mil e R$ 500 mil por mês

João Leão (PP)

O vice-governador é acusado de ser uma das lideranças do PP que teriam recebido dinheiro de propina via Yousseff

Negromonte Jr. (PP)

Em dezembro,  o ministro Teori Zavascki, do STF, incluiu o deputado federal no rol de investigados na Lava Jato

Roberto Britto (PP)

O deputado federal é  citado por Yousseff como um dos parlamentares do PP que recebiam de R$ 1,2 mi a R$ 1,5 mi/ mês